segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Paisagismo em empreendimentos econômicos

Paisagismo em empreendimentos econômicos

Há tempos o paisagismo deixou de ser um privilégio da elite e passou a ser fator fundamental para a valorização de qualquer tipo de empreendimento. Atualmente, é visto não só como um elemento de lazer, mas também como uma maneira de ajudar a dar dignidade às moradias econômicas.

Com o recente lançamento do programa habitacional do governo federal “Minha Casa, Minha Vida”, o mercado imobiliário vê um grande potencial nos empreendimentos voltados para consumidores de renda mais baixa. Para viabilizar o sonho da casa própria, o pacote prevê a construção de um milhão de moradias até 2010, com subsídios de R$   34 bilhões para famílias com renda de até dez salários mínimos. O programa brasileiro é o início de um processo semelhante ao que ocorreu no México, que, com incentivos do governo, constrói anualmente mais de 750 mil casas para a população menos favorecida e já reduziu pela metade o déficit habitacional do país.

Entretanto, o maior desafio desse tipo de empreendimento é fazer com que seus moradores sintam orgulho de viver lá. É aí que o paisagismo passa a exercer seu papel. De acordo com o arquiteto paisagista Benedito Abbud, que assina projetos como o do Cingapura e de várias outras incorporadoras, “o projeto paisagístico para as moradias populares pode englobar áreas verdes, espaços de recreação para todas as faixas etárias e ambientes de estar com custo reduzido, oferecendo maior qualidade de vida e melhores condições sociais”.

Para a área de lazer, é preciso pensar em atividades que agradem desde as crianças até os avós e animais de estimação. Para os pequenos, recomenda-se a criação de circuitos de brinquedos que desenvolvam a mente e o corpo, além de seqüências de atividades que incentivem o exercício físico. Dessa forma, pode-se trazer naturalmente a socialização, que é um item tão importante e muitas vezes negado às crianças. Outra dica é separar os maiores dos menores com brinquedos que atraiam faixas etárias específicas e, assim, evitar brigas e confusões.

Na opinião de Abbud, “as áreas de recreações nesses empreendimentos são fundamentais para minimizar o tempo que essas crianças passam em frente à televisão ou em jogos competitivos, deixando-os praticar uma atividade aeróbica ao ar livre, o que é de grande valia nessa fase da vida”.

Propor espaços de lazer que atraiam o interesse dos adolescentes é mais complicado, uma vez que eles são, cada vez mais, assediados por drogas e tendem a sair do local onde moram. Esses ambientes têm papel fundamental no entretenimento dos jovens, deixando despreocupadas as mães que precisam se ausentar para trabalhar a fim de sustentar os filhos e a casa.

Elementos como churrasqueiras são muito apreciados, pois, com baixo custo, é possível propiciar uma festa entre a família ou amigos. Já as áreas de estar podem ser usadas tanto por adolescentes nessa fase de troca de segredos, quanto por idosos para descansar e relaxar.

Quanto à vegetação, é possível utilizar, sem custos adicionais, áreas floridas e perfumadas, pomares e plantas que atraem pássaros e borboletas. “Essa é uma forma de trazer a natureza para perto e oferecer maior qualidade de vida a essa população, que tem todo direito à cidadania e de usufruir de uma moradia de qualidade, como forma de compensação aos problemas sociais e demais transtornos existentes nas grandes cidades”, conclui Abbud.

A proximidade da natureza é, sempre, um resgate com o que o homem tem de mais puro. Já por isso costumamos chamá-la de mãe natureza, porque é ela que nos lembra a nossa filiação divina, em cada detalhe, em cada galho, em cada flor, em cada fruta. Viver em grandes cidades rouba um pouco esse contato tão revigorante, mas jardins são justamente uma alternativa para amenizarmos a sensação de estarmos desconectados da nossa origem.

Um Belo Jardim 
Luvas, diferentes tipos de ferramentas, vasos, adubos, mudas e sementes não vão adiantar nada se não houver o planejamento do seu jardim. Você corre o risco de anos depois, quando a sua árvore estiver robusta e maravilhosa, sofrer com folhas nas calhas, ter sua vista mais bela escondida pelo excesso de vegetação ou sombrear áreas da casa que necessitem de luz.

Não é preciso formação em botânica, mas é importante gostar da proximidade com a natureza e ter muita força de vontade. Definir o uso do jardim em função dos gostos e costumes dos moradores é um bom começo. Por exemplo, tomar sol, ler e refrescar-se ao ar livre requer equipamentos como espreguiçadeiras, ducha, cadeiras confortáveis, iluminação adequada, churrasqueira e forno de pizza.

A dica é usar um papel e lápis para distribuir esses elementos no ambiente e contorná-los com vegetação. Optar por cercas vivas para esconder muros e construções ao redor da casa é uma boa pedida, gera sensação de verde e aconchego natural. Camélias (flores rosas ou brancas), murtas e ligustros; trepadeiras como a unha-de-gato e treliças como suporte para espécies que têm flores como tumbérgias, ipoméias e jasmins são as mais usadas.

As frutíferas (pitangas, jabuticabas e romãs) e as floríferas aromáticas (magnólia e jasmim manga) são ideais para vasos ao redor de ambientes de estar, já que atraem pássaros e perfumam.

Caso o espaço dedicado ao jardim seja amplo é possível planejar um percurso agradável ao longo dos caminhos. Despertar as sensações humanas jogando com espaços fechados e sombreados intercalados por outros amplos e ensolarados causa surpresa e bem-estar. Um túnel de bambus pode levar à descoberta de um gramado para jogos amplo e arejado.

No paisagismo, a beleza é percebida através dos sentidos: visão (formas, flores e cores), paladar (frutas, chás e temperos), audição (canto dos pássaros atraídos pelas frutíferas, murmúrio das águas), olfato (aroma das flores e folhas) e tato (texturas). Para aproveitar todo o potencial do verde na escolha da vegetação é bacana seguir uma ordem:

- Volumes e formas: árvores, palmeiras, arbustos, cercas vivas, herbáceas e forrações.
- Cores e texturas: flores, diferentes verdes das folhas, caules e raízes aéreas.
- Aromas: flores e folhas.
- Sabores: frutas, chás e temperos.

Uma vez definida a vegetação é hora de buscar com viveiristas, vendedores de mudas ou técnicos em vegetação a solução viável. Sonhe com o projeto do jardim ideal e procure um especialista para tornar esse sonho realidade.


Benedito Abbud Arquiteto Paisagista